COLUNA DO MEIOCrônicas

Carol e Camila – heroínas de um Brasil para ser feliz

Por Luciano Maluly

As jogadoras de vôlei Camila Brait e Carol Gattaz são atletas consagradas do nosso esporte, sendo multicampeãs em seus clubes e na seleção. Suas trajetórias poderiam ser as mesmas de muitas atletas profissionais, mas a “superação” perante as dificuldades do destino as fizeram mudar o rumo da história de um país.

Depois de esperar uma década para substituir Fabi, bicampeã olímpica e considerada uma das melhores jogadoras do vôlei mundial, Camila Brait se deparou com uma disputa pela vaga de líbero na equipe que disputaria os Jogos do Rio 2016, com a também craque Léia, sendo preterida na época pelo treinador José Roberto Guimarães. A mágoa da pequena grande líbero a tornou mais segura na vida, como mãe, e na quadra, como líder do time do Osasco.

A história de Carol Gattaz é ainda mais emocionante. Ficou fora da lista das convocadas para a equipe campeã Olímpica de 2008, em Pequim, sendo inclusive homenageada, junto com Joyce (também cortada da equipe) pelas colegas durante a premiação desse torneio.

“Joyce e Carol, vocês Tb são de ouro” (Mark Ralston/AFP)

Nas duas olimpíadas posteriores (Londres e Rio), Carol atuou como comentarista em uma emissora de TV. No ciclo olímpico seguinte, a meio-de-rede se “reinventou”, como dizem os especialistas, no Minas Tênis Clube, atual campeão da Superliga Feminina de vôlei.

A convocação era incerta, mas o fato de sua companheira de equipe e de posição, Thaísa, considerada a melhor jogadora do torneio nacional, solicitar dispensa da seleção, acabou facilitando o caminho para o retorno à seleção.

Agora, prestes a comemorar 40 anos, e em Tóquio (27 de julho), Carol parece uma novata  vibrando a cada jogo, com atuações que chegam a “arrepiar” os amantes de vôlei.

Independentemente do  resultado no Japão, o exemplo dessas atletas  revela ao povo brasileiro uma esperança diante do futuro. Mesmo com as dificuldades vivenciadas  com a pandemia e o instável modelo político e econômico do país, nossas heroínas demostraram que “desistir” é uma palavra inexistente em seus vocabulários. Carol e Camila são exemplos de perseverança, felicidade e, especialmente, de amor próprio, ao esporte e ao país. Assim, o passado ensina que o futuro depende de nós.

Luciano Maluly é professor de jornalismo esportivo na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. E-mail: lumaluly@usp.br