Crônicas

Jogo dos Sonhos

Por João Victor Barbosa Mendonça da Silva     

 

Acordei sábado de manhã em um dia aparentemente comum. Sentia o cheiro de pão fresco vindo da cozinha e saí correndo para pegar um pedaço de pão antes que esfriasse. Estava apressado. Era o dia do campeonato interno mais importante da escola. Afinal, todos veriam e precisava honrar a minha série.

Logo, comi, arrumei a mala e pus o rap que mais me encorajava ao longo do percurso até o colégio. Andava completamente compenetrado com a música, extasiado com aquele momento. Algo inexplicável.

Enfim, cheguei ao colégio. A imagem do leão estampado no bandeirão da torcida adversária fazia meu coração palpitar. Segui nervoso para encontrar os meus amigos. Era oúltimo. Todos já estavam concentrados para esse desafio, enquanto eu ainda estava deslumbrado com toda aquela torcida encantado com o momento.

Finalmente nos juntamos. Todos do time estavam completamente comprometidos com o jogo e assim fomos para a quadra. Os jogos qualificatórios foram fáceis, ganhamos todos e ficamos em primeiro lugar do nosso grupo. Nesse momento a novidade tinha acabado e agora o nervosismo para alcançar a tão sonhada final estava presente em cada toque de bola nas quartas de final.

Enfrentamos os times nas quartas de final e na semifinal com uma certa soberba, porque sabíamos da nossa qualidade e que a verdadeira disputa seria contra o time da série acima na final. Dessa forma, ao ganharmos estes dois jogos chegamos à final.

A ansiedade de entrar no jogo era incrível, todos os nossos amigos nos apoiando e torcendo, queria que congelasse o tempo por alguns minutos no aquecimento só para contemplar aquele momento. A conversa de raça, coração e união que nos fez acreditar mesmo que podíamos ser campeão daquele ano. Era o auge do nosso time.

Assim começou o jogo. Pontapés de um lado, chutes para fora, e jogo truncado resumiram o primeiro tempo do jogo. Porém o segundo tempo começou diferente, logo no início o time adversário conseguiu abrir o placar depois de uma falha do nosso fixo que não marcou o fundo. A partir disso, muitos desacreditaram do nosso time, achavam que não teríamos garra suficiente para reverter o resultado. Entretanto, não nos desmotivamos nenhum pouco e dois lances depois conseguimos empatar. Foi uma avalanche de sentimentos, a torcida vibrava e nós suspirávamos alegres após esse gol. Após esses momentos de tensão o jogo voltou a ficar truncado e isso durou até o final do jogo que resultou em um empate, deixando a decisão para os pênaltis.

Esse momento era único para os jogadores, o frio na barriga estava presente em todos os meninos que pegavam a bola para bater. Eram três pênaltis alternados. Como goleiro, estava emocionado com o momento, porque eu poderia ser o herói da minha série. Em seguida, deu-se início as cobranças. Consegui agarrar a primeira batida e meu companheiro mandou a bola nas redes. Depois, tanto como o cobrador do outro time foi feliz e conseguiu fazer o dele, como o nosso. Por fim, chegou o meu momento, se eu pegasse eu era campeão. Meu coração palpitava, era o meu sonho aquele jogo. Assim, após uma batida forte, vi a bola saindo pela trave. Levantei-me e olhei para torcida atordoado como se uma bomba estivesse estourado do meu lado e eu não ouvisse nada, todos vinham correndo gritando. Fomos campeões.